sexta-feira, julho 31, 2009

Respeito é bom e todo mundo gosta

Confesso que fiquei chateado ao ouvir o comentário de um jornalista da rádio que se diz a mais ouvida na cobertura do futebol paranaense. Foi antes da complementação da 15ª rodada, ontem.

“Se o AVAÍ ganhar pode ficar em 7º, que ridículo, olha o nível!”, afirmou com soberba. Considerei um tremendo desrespeito. Ora, nossa imprensa esportiva tanto critica a do eixo Rio-São Paulo e acaba por fazer o mesmo.

Quando os paulistas dizem que o campeonato de 85 foi o pior da história, pois foi vencido pelo CORITIBA, nós paranaenses ficamos ofendidos. Ou então, que um campeonato liderado pelo ATLÉTICO obviamente está com baixo índice técnico.

Esta conduta sempre foi reprovada por nossos cronistas. Os paulistas e cariocas dificilmente elogiam os grandes feitos de nossos clubes (raros nos últimos anos). Por que então desmerecer a bela arrancada dos catarinenses?

Temos que ser humildes e aplaudir o AVAÍ, que goleou o 5º colocado da competição e chegou a sua 5ª vitória seguida. Nada tem de ridículo um clube que acabou de subir para a 1ª divisão realizar boa campanha. Parece-me dor de cotovelo.

quinta-feira, julho 30, 2009

Confronto do pijama


Perder para o GOIÁS em Goiânia não foge da normalidade. O problema é o futebol apático apresentado pelo Furacão. A pouca competência do treinador reflete a também incompetência da diretoria que o trouxe. O ATLÉTICO não cansa de insistir em técnicos de pouca expressão. Nunca deu certo. Adeus Waldemar!


Pijama
Quando o Furacão estreou na 1ª divisão em 96, após o título da série B, seu primeiro adversário foi o GOIÁS no Serra Dourada. O resultado indicaria uma constante nos confrontos entre as duas equipes em disputas de campeonato brasileiro: vitória do mandante. Na ocasião, 3 a 1 para os goianos.


Futebol tem dessas lógicas. Não é uma ciência exata, contudo devemos levar em conta os números. Desde então, ATLÉTICO e GOIÁS jogaram 9 vezes em Curitiba, com apenas 2 vitórias dos goianos. Enfrentaram-se 10 vezes em Goiânia, para somente 2 triunfos atleticanos.


A fragilidade do visitante neste confronto é demonstrada em goleadas. Em 2004, 6 a 0 ATLÉTICO e em 2008, 5 a 0, ambas na Arena. Mesmo quando o GOIÁS foi o 3º colocado em 2005, veio a Curitiba e perdeu por 1 a 0.


Em 2003 e 2008 goleadas verdes no Serra Dourada: 4 a 1 e 4 a 0 respectivamente. Em 2004 o Furacão foi vice-campeão, mas em Goiânia foi derrotado por 2 a 0.


Portanto, a derrota de ontem nada tem de anormal. Quando GOIÁS e ATLÉTICO jogam, espera-se que o mandante vença. Se acontece o contrário é uma surpresa.

quarta-feira, julho 29, 2009

SANTA CRUZ merece um lugar ao sol


Torço para o SANTA CRUZ Futebol Clube ressurgir das cinzas. A tradicional instituição pernambucana chegou ao que se pode chamar fundo do poço – a 4ª divisão do futebol brasileiro. Descer mais não é possível.

Incrível é a paixão da torcida. Mesmo jogando a série D, nas duas partidas disputadas em casa compareceram mais de 40 mil pessoas ao estádio do Arruda.

O empate em 2 a 2 com o CENTRAL foi assistido por 45.007 torcedores. Já a derrota para o SERGIPE (1 a 2) foi acompanhada por 40.028 espectadores. Média de público igual ao líder da série A, o ATLÉTICO MG.

Um time com uma torcida destas e um estádio colossal deveria estar em situação mais digna. Faltam dois jogos (CENTRAL fora e CSA em casa) para o encerramento da primeira fase.

O SANTA CRUZ está em 3º lugar com 4 pontos, atrás de CENTRAL com 6 e SERGIPE com 7. Classificam-se dois. Os tricolores de Pernambuco merecem!

domingo, julho 26, 2009

Uma noite histórica para o AVAÍ


Campeão catarinense 14 vezes, o AVAÍ enfrenta longo período escasso de títulos – de 70 até hoje apenas cinco estaduais (média de um a cada oito anos) e um brasileiro da série C.

Afastado da elite nacional desde 1979, o AVAÍ conseguiu alcançar a série B em 99 e finalmente subiu ano passado, quando também viu o rival Figueira cair. A equipe azul vive seu melhor momento no futebol nacional nos últimos 30 anos.

Arrancada
Com grande presença de sua torcida, o AVAÍ passeou na Arena. Poderia ter marcado cinco, seis se o atacante Wiliam estivesse em tarde mais feliz. O placar de 3 a 1 ficou barato pelas chances criadas pelos catarinas.

Muito mais aplicado que o ATLÉTICO, venceu com autoridade na Arena. Há quatro rodadas, o AVAÍ estava na 19ª posição. A vitória sobre o Furacão foi a 4ª seguida e levou o time a 19 pontos em 9º. Chegou aos 19 gols e zerou o saldo pois também sofreu 19 tentos.

Campeonato de pontos corridos permite essas grandes arrancadas. Uma boa sequência de vitórias leva das últimas às primeiras posições. O atual campeão catarinense já se aproxima do grupo da Libertadores e faz sonhar o torcedor.

Esta tarde ficará na memória dos apaixonados avaianos que invadiram a Arena ontem. Agora embalados vão à Ressacada em busca da quinta vitória consecutiva contra o Vitória.

sábado, julho 25, 2009

De como o futebol brasileiro se organizou

Podemos dizer que o futebol brasileiro se organizou nesta primeira década do século XXI. Campeonato em pontos corridos, calendários sendo cumpridos, quatro divisões organizadas, uma segunda forte. Há dez anos seria difícil imaginar isto.

As décadas de 80 e 90 foram marcadas pelas “viradas de mesa”- descumprimento dos regulamentos ao bel prazer para beneficiar clubes a não serem rebaixados. A credibilidade era zero.

A criação do Clube dos 13 incentivou este descaramento. Os clubes não caíam, pois ficavam nas últimas posições, mas em cima da hora mudava-se a regra e no ano seguinte a equipe era resgatada. Aconteceu com BOTAFOGO, ATLÉTICO MG, FLUMINENSE, SANTOS, CORINTHIANS, VASCO.

Já o GRÊMIO caiu em 91 e no ano seguinte mudaram a segundona com ela em andamento e subiram 12. O regulamento original previa 4, mas como o GRÊMIO não estava tão bem, resolveram dar uma ajudinha.

Ano 2000, Copa João Havelange. BAHIA e FLUMINENSE foram beneficiados. Desde então não tivemos mais viradas de mesa, quem caiu, caiu e teve que subir em campo. Bom avanço.

Um deslize
Melhorou, pois era asqueroso. Mas não podemos dizer que nesta década a cartolagem parou de agir e temos um campeonato decidido nas quatro linhas. O episódio de 2005 tornou o CORINTHIANS campeão e prejudicou o INTERNACIONAL. Mais uma vez o tapetão valeu mais que o resultado original em campo.

O fato abalou novamente a credibilidade do futebol brasileiro, mas nem perto do oba-oba de 80 e 90. Hoje temos uma fórmula certa, que se repete pelo sétimo ano consecutivo – algo impensável no passado. As rodadas são respeitadas, assim como os rebaixados, e a luta por vagas na Libertadores e Sul-americana oferece desafios a todos os participantes, ninguém mais "cumpre tabela".

quinta-feira, julho 23, 2009

De como jornalistas têm time do coração

Partamos do princípio que jornalistas esportivos amam futebol. Hipocrisia um apaixonado por futebol dizer que não torce por time algum. Como pode? Será possível gostar de futebol e não ter um clube do coração?

Não, não é possível. Boa parte esconde o seu time preferido com objetivo de evitar represálias de torcedores de equipes rivais. Faz sentido.

Todavia, concordo com o PVC (Paulo Vinicius Coelho), que diz em seu livro ‘Jornalismo Esportivo’ que o profissional que cobre futebol pode ter preferência por uma equipe e mesmo assim executar seu trabalho de maneira fidedigna.

Profissionalismo
É necessário saber separar as coisas. PVC é o meu exemplo de jornalista esportivo, torce pelo PALMEIRAS e isto em nada interfere na qualidade de seus comentários. Elogia SÃO PAULO, CORINTHIANS ou qualquer outra equipe.

Critica e também elogia o PALMEIRAS – baseado não em seu carinho pelo clube, mas em conhecimento, informação, dados e capacidade de análise. Isto se chama profissionalismo.

Desde criança torço pelo ATLÉTICO, fato que não impede que eu fale bem do CORITIBA. Escrevo aqui como analista de futebol, expresso minha opinião sem distinções clubísticas. Admiro o espetáculo realizado nos estádios, a magia desta “guerra maravilhosa de 90 minutos”.

De como assisti a minha primeira final

Este texto foi escrito para comemorar a maioridade da minha primeira final, realizada no dia 30 de julho de 1988. Neste saudoso domingo nublado fui ao Pinheirão acompanhado de meu pai para assistir à terceira partida da decisão entre ATLÉTICO e PINHEIROS.

Agradeço eternamente a meu pai, Rogério Amatuzzi, que tentou tudo o que pôde para me influenciar a torcer pelo extinto COLORADO. Comprou camisa, levou-me algumas vezes à Vila Capanema - até em treino do Boca-Negra eu fui quando criança. Infelizmente para ele, o sonho de ter o primeiro filho como torcedor de seu clube não se realizou.

Por circunstâncias que outro dia eu explico, a paixão que me arrebatou foi pelo ATLÉTICO em 1986. Mesmo assim, meu pai (hoje paranista) levava-me ao estádio ver o Furacão. Foi desta forma que acompanhei a primeira decisão das tantas que assisti até hoje. A disputa estava prevista para dois jogos, com a realização de um terceiro em caso de dois resultados iguais.

Primeiro jogo
A história da final começou em 16 de julho, com a primeira partida realizada na Vila Olímpica do Boqueirão. O ATLÉTICO havia eliminado o COLORADO na semifinal e sem rancores meu pai decidiu me levar - daí a eterna gratidão. Na época eu tinha oito anos e já era encantado pela maneira como torcia a massa rubro-negra.

– Pai, vamos na torcida do Atlético, né?
– Não filho, a torcida do Atlético tem muito maloqueiro, é perigoso. Nós vamos nas cadeiras.
– Mas pai...
– Não discuta Eduardo, senão nem vamos.

Então lá fomos nós para as cadeiras da pacata torcida do PINHEIROS. O jogo corria e eu torcia bem quieto. Quando o ATLÉTICO quase marcava, eu apenas olhava para meu pai. Porém quem abriu o placar foi o PINHEIROS com o centroavante Dadinho – o goleador do campeonato.

Faltava um minuto e o Furacão pressionava. A torcida, que pintava de vermelho e preto a curva de fundos da Vila Olímpica, cantava sem parar. Eu fazia figas embaixo da cadeira e tinha certeza que a minha concentração poderia ajudar o rubro-negro a empatar.

Minha contribuição deu resultado: já nos acréscimos, um carequinha camisa 11, chamado Wilson, marcou de cabeça. Delírio dos atleticanos. Não consegui esconder a alegria e pulei em meio à torcida adversária. Olhava com extrema admiração para aquele bando de maloqueiros vestidos de preto e vermelho. A curva de fundos incendiou e naquele instante o meu único desejo era estar lá no meio. Meu pai pegou na minha mão e me arrastou, pois eu não queria ir embora. Queria permanecer ali a admirar aquela festa maravilhosa.

A finalíssima seria na semana seguinte. Durante sete dias sonhei em estar no Pinheirão lotado. Desta vez na torcida do ATLÉTICO e para vê-lo ser campeão. Porém o inesperado (pelo menos para uma criança de oito anos) aconteceu.

De como a decisão foi adiada e o que sucedeu

Finalmente chegou o dia da grande final. Quem vencesse seria o campeão paranaense de 88. Em caso de empate haveria a terceira partida. Não me recordo o motivo, mas meu pai não pôde me levar ao estádio naquela ocasião. Lembro-me da minha enorme tristeza - foi a primeira vez que chorei por futebol.


Depois de conformado colei o ouvido no radinho. O empate em 0 x 0 se arrastava e parecia que a decisão seria adiada. Porém, nos minutos finais o juiz marcou pênalti a favor do ATLÉTICO. Houve grande confusão e a partida ficou paralisada por vários minutos. Nesse momento a Rede OM de televisão passou a transmitir ao vivo.


O ídolo Carlinhos pegou a bola e foi para a cobrança. Seria o gol do título, mas inexplicavelmente (ou não) o craque chutou fraco, nas mãos do goleiro Toinho. Estava definido: o campeão sairia apenas no terceiro jogo. Bom para a Federação, que iria arrecadar ainda mais com a nova partida em seu estádio.

O título
No domingo seguinte, 30 de julho, lá estávamos eu e meu pai no Pinheirão lotado. E o melhor, na torcida do ATLÉTICO. A visão do campo era péssima, mas eu estava feliz em torcer pelo goleiro Marolla, o lateral Odemilson, os zagueiros Fião e Adilson (hoje treinador do Cruzerio), o volante Cacau e principalmente o meia Carlinhos e o atacante Manguinha.


Eu olhava mais para a torcida do que para o jogo, pois a festa era linda. Aquelas bandeiras imensas, os chocalhos de jornal, os gritos de guerra. A pequena torcida do PINHEIROS também contribuía ao jogar papel picado para cima e assoprar suas cornetas.


Já passava dos 20 minutos do segundo tempo quando Manguinha recebeu dentro da área e chutou cruzado sem chances para Toinho. O estádio explodiu! A torcida não parou mais de cantar e o time apenas tocou a bola para garantir o título.


Eu estava extasiado, meu pai sorria satisfeito. O jogo acabou e a festa ficou ainda mais bonita. No caminho de volta para casa, carreata, buzinaço. Uma emoção diferente para o garoto que via pela primeira vez o seu time ser campeão.


De como o FLUMINENSE merece ser rebaixado

Se os deuses do futebol existem e são justos, o FLUMINENSE será rebaixado para a segunda divisão. Faço esta afirmação porque o Tricolor das Laranjeiras está hoje na elite do futebol brasileiro sem ter precisado superar o inferno da segundona. Uma injustiça com grandes clubes que lá penaram para adquirirem o direito de voltar.

O ATLÉTICO foi campeão da série B em 95 e por isso ingressou na série A, assim como o CORITIBA em 2007. PALMEIRAS, BOTAFOGO, GRÊMIO, ATLÉTICO MG e ano passado o CORINTHIANS são exemplos de grandes clubes que conquistaram na bola a condição de estarem na primeira divisão. Agora é a vez do VASCO provar ser merecedor de estar entre os melhores. Caso contrário, vai se juntar a GUARANI e BAHIA e engrossar o grupo de campeões brasileiros que sofrem na série B.

A manobra
No final da década de 90, o FLUMINENSE protagonizou uma série de episódios patéticos. Foi rebaixado em 96 e mesmo assim disputou a série A em 97. Novamente rebaixado, aí sim disputou a segundona em 98. Fez tão pífia campanha que terminou entre os últimos e caiu para a série C.

Em 99 o tricolor carioca deu mostras de que daria a volta por cima dentro de campo – venceu a terceira divisão e se credenciou para jogar a segunda. Contudo, uma manobra da CBF (chamada Copa João Havelange) resgatou o FLUMINENSE e o colocou novamente na primeira divisão. Sem precisar jogar a segunda. Um absurdo!

Enfim, o FLUMINENSE não é merecedor de estar na elite do futebol nacional. Seu lugar é na série B, onde deverá provar em campo a sua grandeza.